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Energia offshore – um oceano de energia

Energia offshore – um oceano de energia

Portugal tem tido uma política energética em linha com os desígnios europeus de descarbonização da energia e em particular da eletricidade. As tecnologias de produção: hídrica, solar fotovoltaica e eólica, têm desempenhado um papel fundamental, permitindo a obtenção de elevados níveis de produção renovável na eletricidade. De acordo com a REN - Redes Energéticas Nacionais, 59% do consumo de eletricidade foi abastecido por produção de energia de fontes renováveis em 2021, dos quais: 26% correspondem a energia eólica, 27% a hidroelétrica, 7% a biomassa e 3,5% a fotovoltaica.

 

Apesar de estarmos no rumo correto, em breve teremos de imprimir maior velocidade no desenvolvimento de centrais de origem renovável. Parte delas, já em período de licenciamento ou construção, serão da tecnologia solar fotovoltaico. Outras, já em construção, pertencem ao programa nacional de barragens. Contudo, ainda há espaço para avanços na energia eólica, que permitirá maior integração, não só em terra, através do reequipamento de parques mais antigos, mas também com a incursão no mar, através de parques eólicos offshore.

 

Os primeiros passos na produção de energia eólica offshore em Portugal foram dados em 2011 com o projeto piloto Wind Float, tendo consistido no fabrico e instalação de uma plataforma flutuante equipada com um gerador eólico de 2 MW que esteve em funcionamento até 2016 ao largo da Póvoa de Varzim, na região da Aguçadoura. Entre dezembro de 2019 e maio de 2020, o conceito evoluiu para uma fase comercial, com a instalação de três aerogeradores de 8.4 MW cada, situados a 18 km da costa, na zona de Viana do Castelo e interligados por um cabo submarino ao sistema elétrico nacional.

 

Espera-se que o sucesso da operação destes parques venha atrair mais investimentos nesta tecnologia, permitindo explorar um grande potencial que não se cinge somente à eólica, mas também à exploração de energias das ondas, podendo inclusivamente existir hibridização de parques eólicos offshore com parques de energias das ondas. Atualmente, o projeto europeu H2020 EU-SCORES, pretende efetuar essa análise e demonstrar a sua exequibilidade, tendo Portugal sido escolhido como um dos locais de estudo relativamente à operação combinada de ambas tecnologias.

 

Em conjunto com o desenvolvimento de novos projetos, haverá também a necessidade de investimento nos sistemas elétricos para que se garantam os esperados níveis de integração. Dependendo do tamanho, potência, distância à costa e proximidade entre parques, poderá ser necessário a construção de redes offshore, tipicamente em corrente contínua, que deverão permitir a interligação de diversos parques a diferentes pontos em terra. Esta infraestrutura permitirá repartição dos custos de ligação e poderá fomentar a interligação entre países (Portugal-Espanha-França, por exemplo), de uma forma economicamente sustentada. Estas infraestruturas permitirão maior integração de fontes renováveis, maior capacidade de interligação transfronteiriça e menores custos nivelados de eletricidade.

 

Para que tal aconteça é de fulcral importância existirem políticas conjuntas entre países vizinhos que garantam não só o planeamento de fontes de energia offshore, mas que também permitam uma economia de escala que poderá impactar beneficamente na redução dos preços. Por outro lado, devem existir sinergias estratégicas que assegurem a existência de indústria capacitada à construção e instalação destes novos centros electroprodutores, sendo uma oportunidade para o tecido empresarial ligado às operações de construção e operação marítima.

 

Bernardo Amaral Silva concluiu o Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores na FEUP, especializando-se em sistemas de energias. Em 2014 concluiu o Doutoramento em Sistemas Sustentáveis de Energia na FEUP/ MIT Portugal.

Desde o ingresso no INESCTEC, em março de 2009, tem estado envolvido em projetos científicos e consultoria na área de integração de fontes renováveis no sistema elétrico assim como na análise em regime estacionário e dinâmica de sistemas elétricos.

É desde 2016 representante Português no comité B4 (HVDC) do Cigré.

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